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Redação

A nova tendência: na velocidade dos carros conectados

Atualizado: 9 de out. de 2020


A busca pelo carro conectado vai bem além da internet. Gigantes de tecnologia e montadoras vêm travando uma verdadeira corrida nos bastidores para desenvolver soluções e sistemas próprios de conexão que sejam capazes de gerar receita com a comercialização das informações geradas pelos motoristas. As operadoras de telefonia também disputam concorrências que estão sendo feitas neste fim de ano pelos principais fabricantes de automóveis do país para definir o modelo ideal para o mercado brasileiro. Até empresa de autopeças estuda o lançamento de chips embarcados em seus produtos mirando o aumento das vendas.

Segundo especialistas, o carro conectado será o principal pilar de receitas da chamada internet das coisas. No Brasil, a conectividade nos automóveis ainda está no estágio embrionário: responde por menos de 1% da frota brasileira, dizem as empresas de tecnologia. De acordo com pesquisa realizada pela Ford, estima-se que 5,6 milhões de veículos estejam conectados no Brasil até 2023. Nos EUA, a conectividade já está presente em 15% de todos os carros em circulação.

Em conferência realizada no Havaí pela Qualcomm e que reúne empresas de diferentes setores, Cristiano Amon, presidente da Qualcomm Technologies, destacou que hoje o objetivo é conectar todas as coisas.

— Nos próximos 30 anos, vamos redefinir a computação em experiências móveis. A nossa missão é interconectar tudo ao nosso redor. Queremos usar nossa plataforma Snapdragon para carros, cidades e transformar vidas. O carro conectado é uma transformação importante. Com o carro você muda a interação com os outros usuários e os outros carros. O fabricante pode mandar atualizações de software para o carro e fazer diagnóstico. Uma empresa de seguro pode ver como você dirige o tempo todo. O waze estará no carro o tempo todo. O serviço de televisão passa a fazer parte do acesso à internet — disse Amon, que anunciou parcerias com outras empresas como a Microsoft e HP.

Marcos Lacerda, vice-presidente de vendas da Qualcommno Brasil, destaca ainda que a conectividade é hoje a prioridade da indústria automotiva. A companhia aposta na criação de uma plataforma conjunta com AT&T, Ford e Nokia que vai reunir diferentes informações coletadas através de sensores e câmeras integradas capazes de "ver" e "ouvir" todo o ambiente, além de "sentir" a temperatura, para auxiliar o motorista.

— Estamos desenvolvendo um sistema que vai permitir, através da comunicação entre os carros, criar serviços como auxiliar o motorista em algumas ações, como a melhor hora de mudar de faixa no trânsito, estacionar e identificar uma parada brusca no carro da frente. Hoje, pelos estudos que estamos fazendo, a segurança é o principal benefício que o brasileiro busca. Depois aparecem serviços como o monitoramento da saúde do motor e manutenção preventiva do carro. Algumas das soluções hoje estão nos carros premium. E vai chegar de forma gradual aos carros mais baratos - afirma Lacerda.

Nas teles, a disputa para fazer parte desse mercado está acirrada. Luiz Carlos Faray, diretor de TI da Oi, diz que a estratégia é oferecer mais que a conexão em si através de um chip. Segundo ele, o objetivo é fazer análise de dados e oferecer serviços como o armazenamento de informações na nuvem (o cloud).

-- A conexão em si vai ser algo entre 10% e 15% das receitas do carro conectado. O restante virá da integração do ecossistema, com seguradoras e fabricantes de autopeças. Será possível criar novas fontes de receita com esse volume de informações. Há montadoras no Brasil que estão neste fim de ano com processo de concorrência em andamento para implantar seu modelo de conectividade nos automóveis. Há fabricantes de carros estudando até a criação de uma operadora móvel virtual. A definição só deve ocorrer no ano que vem - afirma Faray.

Luis Minoru, vice-presidente de Estratégia e Inovação da TIM, acredita que as montadoras estão investindo em sistemas próprios porque elas querem coletar os dados dos motoristas, pois é isso, diz ele, que vai gerar valor. Por isso, a companhia vem conversando com os fabricantes no Brasil para fazer parte desse ecossistema.

- Todos estão preocupados em criar novos serviços. As montadoras estão olhando a possibilidade de se tornarem operadora móvel virtual como uma oportunidade de negócios. Por trás disso está a coleta de dados - destacou Minoru.

A Embratel também destaca as concorrências feitas pelas montadoras. Ney Acyr Rodrigues, diretor de Negócios de internet das coisas da Embratel, diz que a tele tem hoje acordos com Volvo, GM e BMW na área de carros comerciais.Com esse acordo, são vendidos serviços como localizador de carro, travamento remoto das portas (via aplicativo no celular) e a possibilidade de falar diretamente com a central da montadora.

-- A conectividade hoje é um valor adicional. Hoje temos um total de 550 mil chips conectados aos carros. Acredito que em dois anos todos os veículos já vão sair conectados da fábrica. As montadoras estão hoje buscando fechar contratos. Um desafio é transformar o carro em um ponto de wi-fi, com internet a bordo com qualidade. O desafio é o investimento que as empresas estão fazendo em modernização de rede -- disse Rodrigues.

Além das teles, há as operadoras móveis virtuais de olho no negócio. A T-Systems Brasil, do grupo Deutsche Telekom, destacou que as montadoras querem entender o tipo de informações que podem ser geradas pela conectividade para aumentar o portfólio de produtos, como seguro, com base no estilo de direção, e a venda de novos carros. A Vecto Mobile lembrou da estratégia de fabricantes de autopeças que, com um chip, querem oferecer serviços de monitoramento aos clientes.

- É tudo pela informação. São serviços que vão poder identificar se a temperatura dos equipamentos, como o motor, está acima da média ou se nível do óleo está baixo - exemplificou Gerson Rolim, diretor da Vecto Mobile.

As montadoras ainda vêm fechando acordos com aplicativos. Com mais de 240 mil carros conectados no país, a GM, dona da Chevrolet, selou acordo com Waze, Android Auto, do Google, CarPlay, da Apple, e Spotify, entre outros. Usando a rede da Embratel, a companhia criou o sistema Onstar, que permite ao motorista, por meio do smartphone, comandar diversas funções do veículo, como abrir e fechar portas e acionar o ar-condicionado, além de fazer "check up" no automóvel. Péricles Mosca, diretor de OnStar, acredita que a conectividade veio para ficar.

-- O carro conectado traz segurança e conveniência. No futuro o carro tradicional será a exceção. O avanço do veículo autônomo e elétrico dependem da conectividade -- destacou Pericles.

Bruna Guarda, supervisora de Veículos e Serviços Conectados da Ford, disse que as parcerias são essenciais. Ela cita o investimento de US$ 182,2 milhões feito na Pivotal, empresa especializada em plataforma de software baseada na nuvem, com sede em São Francisco, com o objetivo de aumentar a capacidade de desenvolvimento de novas tecnologias.

-- Isso é fundamental para desenvolver novas funções de conectividade. Trabalhamos tanto com startups como grandes empresas de tecnologia. A missão é trazer conveniência ao condutor quando abrir a plataforma - disse Bruna.

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